do Boi de Trabalho à Vacada Mertolenga

A nossa tradição de força e excelência

Na Quinta Grande, a criação da raça Mertolenga não é apenas uma atividade pecuária, é uma herança viva. Durante grande parte do século XX, antes de haver tratores em todo o lado, os bois de trabalho eram o motor da exploração e mereceram destaque na Quinta. Na década de 60, quando as juntas deixaram de ser necessárias e a mecanização tomou conta do campo, a Quinta não abandonou a tradição, apenas a transformou. A escolha natural foi continuar com a Mertolenga, não já para puxar alfaias, mas para manter uma raça que, desde sempre, melhor representou a charneca ribatejana, pela sua rusticidade, pela ligação à paisagem e pela forma como se integra no montado. Aqui, no vale do Sorraia, ela faz sentido há várias gerações, e continua a ser um dos pilares da nossa identidade. 

Rusticidade, manejo e equilíbrio ambiental

A Mertolenga destaca-se pela capacidade de aproveitar os solos pobres da charneca ribatejana e de suportar verões longos e secos.

No montado, o seu papel é decisivo. O pastoreio mantém o sobcoberto limpo, controla matos, reduz a carga combustível e ajuda na prevenção de incêndios. Quando associado à gestão cuidada de prados semeados e pastagens naturais, cria-se um equilíbrio que beneficia toda a floresta. Solos mais estáveis, maior infiltração de água e menos competição de matos significam sobreiros mais vigorosos e, a médio prazo, cortiça de melhor qualidade.

A Mertolenga encaixa neste ciclo de sustentabilidade, reforçando o montado e contribuindo para a saúde e produtividade do ecossistema. É um animal que trabalha a favor da paisagem, não contra ela.

A Raça Mertolenga na Quinta Grande

Na nossa vacada mantemos 90 vacas adultas e dois touros de linhagem pura, garantindo coerência genética e sustentabilidade futura.

Todos os anos, dos nascimentos, são escolhidas as melhores novilhas para reforçar e renovar o efetivo, assegurando que apenas os animais com melhores características maternas, morfológicas e de rusticidade seguem na linha da Quinta.

Os machos ou são selecionados como futuros reprodutores, ou seguem para engorda, contribuindo para a produção de Carne Mertolenga DOP. Dois a três novilhos, entre os seis meses e um ano, seguem anualmente para o Centro de Testagem da Associação de Criadores da Raça Mertolenga, onde são avaliados segundo critérios rigorosos. Este processo contribui para o melhoramento global da raça e garante que mantemos um efetivo alinhado com os padrões da Carne Mertolenga DOP, reconhecida pela sua qualidade e autenticidade. 

Na Quinta Grande, a Mertolenga é muito mais do que produção de carne, é continuidade, cultura e compromisso com o território. É a prova de que tradição e inovação podem conviver no mesmo campo e gerar valor, preservar a paisagem e projetar o futuro. 

A raça Mertolenga

A Mertolenga tem raízes no Baixo Alentejo, em zonas como Mértola, Alcoutim e Martinlongo, onde o antigo gado Charnequeiro se desenvolveu e se fixou durante gerações. 

Muitos destes animais seguiram depois para o Ribatejo como bois de cabresto, adaptando-se tão bem às terras de Coruche e ao vale do Sorraia que a raça acabou por ganhar aqui uma identidade própria.

Hoje, a Mertolenga é reconhecida como uma raça autóctone de porte médio, de formas harmoniosas, com pelagem que pode ser vermelha, rosilha (mil flores) ou malhada de vermelho e branco. Na Quinta Grande, optámos exclusivamente pela variedade vermelha, a mais tradicional da charneca e aquela que melhor se encaixa no nosso efetivo e no maneio extensivo.

A raça distingue-se ainda pelo esqueleto leve, pela grande facilidade de parto, pela longevidade produtiva e por uma aptidão materna muito marcada, características que a tornam perfeita para o nosso território.

Vantagens produtivas e genéticas 

Criada em extensivo, a carne da Mertolenga destaca-se pela tenrura, suculência e sabor.

O livro genealógico está ativo desde 1978 e o trabalho de seleção e melhoramento tem garantido uma evolução contínua da raça.

É um animal resistente, económico no maneio, e ideal para sistemas agrícolas como o nosso, onde os recursos naturais são aproveitados com equilíbrio..

Adequação à Quinta Grande

Os nossos solos de charneca e o sistema de montado tornam esta raça particularmente adequada à exploração.

A rusticidade reduz necessidades de suplementação e torna o ciclo produtivo mais sustentável.

A carne que produzimos é um valor acrescentado da Quinta, ligada ao território e ao maneio responsável. 

A carne de Mertolenga

A carne de Mertolenga é reconhecida com Denominação de Origem Protegida, o que garante autenticidade, rastreabilidade e ligação direta ao território onde a raça se formou. Criados em regime extensivo, em pastagens naturais e montado, os animais desenvolvem uma carne tenra, suculenta e com um sabor mais profundo, resultado de crescimento lento, vida ao ar livre e uma alimentação baseada em recursos naturais

É uma carne equilibrada, com gordura bem distribuída e intensidade aromática que a distingue facilmente de carnes produzidas em sistemas mais intensivos.

Escolher carne de Mertolenga é optar por qualidade e sustentabilidade. Apoia-se uma raça autóctone, preserva-se o montado, valoriza-se o trabalho dos produtores e consome-se um produto com identidade, sabor e história.

É uma carne que respeita o território e oferece uma experiência gastronómica autêntica, consistente e verdadeiramente ligada à charneca ribatejana.

Atividades de sanidade e controlo reprodutivo


O acompanhamento veterinário é regular e focado em manter um efetivo saudável, fértil e bem adaptado ao maneio extensivo da Quinta Grande. O trabalho inclui:

• Cumprimento dos planos sanitários obrigatórios.
• Desparasitação e vacinação ajustadas a cada época.
• Avaliação da condição corporal das vacas e dos touros, para garantir boa nutrição e capacidade reprodutiva.
• Controlo de parasitas externos e pequenos problemas de casco ou pele.
• Controlo de gestações de forma contínua.

Definimos épocas de cobrição adaptadas ao calendário das pastagens e realizamos diagnóstico de gestação no momento certo, permitindo identificar vacas vazias ou gestações interrompidas. Mantemos registos rigorosos de partos, cobrições e desempenhos individuais, o que nos permite ajustar o maneio, reduzir dias improdutivos e manter um ritmo reprodutivo equilibrado.


Benefícios para a exploração
Com esta abordagem conseguimos:
• Aumentar o número de vitelos por vaca e por ano.
• Reduzir perdas reprodutivas e problemas no parto.
• Manter um efetivo saudável, com menor necessidade de intervenção e maior estabilidade ao longo do ano. 

Visita-nos!


Se queres conhecer uma raça autóctone criada em pleno montado, ver de perto o quotidiano de uma exploração tradicional e sustentável, ou simplesmente viver um dia no campo, a Quinta Grande está de portas abertas.

Visita-nos, fica no nosso alojamento, explora os nossos trilhos ou vem fotografar a vacada Mertolenga no seu habitat natural.